sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

O Gorila

Era através de fortes grades
Que as fêmeas do conselho
Contemplavam um potente gorila
Sem recear os dizeres das mas línguas
Sem pudor estas comadres
Espreitavam um ponto preciso
Que do modo mais severo a minha mãezinha
Me proibiu de nomear aqui

Atenção! Gorila

Subitamente a prisão tão segura
Onde vivia o belo animal
Abre-se sem saber porquê (suponho
Que a tinham fechado mal)
O símio saindo da jaula
Diz :” é hoje que a vou perder!”
Falava da sua virgindade
Devem ter adivinhado, espero!

Atenção! Gorila

O dono do jardim zoológico
Perdido, gritava: “Ai meu Deus!”
De medo, pois o gorila,
Jamais ainda vira uma macaca!
Logo que a gente feminina
Soube que o símio era virgem
Em vez de aproveitar a ocasião
Largou! Parando só dois fusos horários mais longe

Atenção! Gorila

Aquelas mesmas que outrora
O chocavam de um olho decidido
Fugiram, provando que não tinham
Nenhuma constância nas ideias
Vão era o seu temor!
O gorila é um brincalhão
Bem superior ao homem no amor
Não se contam as mulheres que o confirmarão

Atenção! Gorila

Todo este mundo se precipita
Fora de alcance deste símio em cio
Salvo uma velha desdentada
E um jovem juiz em madeira bruta
Vendo que todas se recusavam
O quadrúpede acelera coitado
O seu balancear na direcção dos vestidos
Da velha e do magistrado

Atenção! Gorila

“Ahhhh! Suspira a centenária...
que ainda me possam desejar
seria algo extraordinário
e a bem dizer inesperado”
o juiz, ele, pensava sereno
“Tomar-me por uma macaca
é completamente impossível...”
O que segue demonstra o contrário




Atenção! Gorila

Imaginai que um de vós possa ser
Como o símio obrigado a
Escolher entre um juiz e uma anciã
Qual preferíeis entre os dois?
Se uma alternativa dessas me calhasse
Um desses dias
Seria, tenho a certeza, a velha
De quem mais eu iria gostar

Atenção! Gorila

Mas, por desgraça, se o gorila
No campo do amor vale o seu preço
Sabe-se que ao contrário ele não brilha
Nem pelo seu gosto nem pelo seu espírito
Então, em vez de escolher a velha
Como teria feito não importa quem
Pegou no juiz pela orelha
E levou-o para o mato, oiçam bem...

Atenção! Gorila

O que segue seria delicado
É pena, mas não poderei
Dizer e lamento
Riríeis sem dúvida um pouco
Pois o juiz no momento supremo
Gritava “mamã” chorava sem parar
Como o infeliz a quem, nesse mesmo dia
Tinha mandado a cabeça cortar...

Atenção! Goriiiiiiiiiiilaaaaaaaaaaaaaaa!

George Brassens

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