sábado, 10 de janeiro de 2009

O Carvalho e o Junco

O Carvalho, um dia disse ao Junco :
«Você tem muitas razões par se dar com a natureza ;
Uma carriça para si, é um pesado fardo
O mínimo vento, que por ventura,
Faça enrugar, a superfície da água,
Obriga-vos a baixar a cabeça:
Entretanto a minha testa, igual a um Cáucaso
Não contente de parar os raios do sol,
Desafia o esforço da tempestade.
Tudo o que para si, é impetuoso vento do Norte
Me parece a mim, brisa ligeira e agradável.
Ainda se nascesse ao abrigo da folhagem
Com que cubro a vizinhança,
Não sofreria tanto :
Eu o defenderia da trovoada;
Mas como nasce a maior parte das vezes
Nas margens húmidas do reino do vento…
A natureza para consigo parece-me injusta.
- A sua compaixão, respondeu-lhe o arbusto,
Parte de um bom natural ; mas não se apoquente.
Os ventos são-me menos, que para si, medonhos
Eu vergo, mas não parto. Até agora,
Contra os seus temíveis golpes
Tem resistido sem dobrar as costas:
Mas esperemos o fim». Enquanto dizia estas palavras,
Do outro lado do horizonte chegava furioso
O mais terrível dos filhos
Que o norte tivesse levado no seu ventre.
A Arvore aguentou-se ; o Junco dobrou-se.
O vento redobra os seus esforços,
Tanto e tão bem que desenraíza
Aquele que tinha o céu por vizinho
E de quem os pés, tocavam o império dos mortos.

Jean de La Fontaine
Fables

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