quarta-feira, 7 de julho de 2010

Graça Pires

Foi em Jullho, que bandos e bandos de gaivotas,
planaram sobre o olhar de tua mãe,
para que ao nascer, herdasses a secreta
violência das marés.
Agora, é sempre em Julho que, dos teus olhos,
se avista o oceano inteiro,
enquanto um navio te cresce, perfeito,
sobre os lábios, soletrando íntimas paragens.

in "Quando as estevas entraram no poema"

3 comentários:

  1. Belo poema sobre o mês de julho o setimo mês do ano.
    Profundo e maravilhoso!!!!!
    Amei.

    anónimo sou eu

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  2. Que boa escolha,Carlos.Sensibilidade em alta,parabens!
    Traga mais,desse livro especial de Graça Pires.Não se esqueça.Estarei cá,para o ler.Nina

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  3. Aqui fica,com sentimento.

    TERNURA

    Eu te peço perdão por te amar de repente
    Embora o meu amor seja uma velha canção nos teus ouvidos
    Das horas que passei à sombra dos teus gestos
    Bebendo em tua boca o perfume dos sorrisos
    Das noites que vivi acalentado
    Pela graça indizível dos teus passos eternamente fugindo
    Trago a doçura dos que aceitam melancolicamente.
    E posso te dizer que o grande afeto que te deixo
    Não traz o exaspero das lágrimas nem a fascinação das promessas
    Nem as misteriosas palavras dos véus da alma...
    É um sossego, uma unção, um transbordamento de carícias
    E só te pede que te repouses quieta, muito quieta
    E deixes que as mãos cálidas da noite encontrem sem fatalidade o olhar
    [ extático da aurora.


    Vinícius de Moraes
    In Poesia completa e prosa

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