sábado, 29 de agosto de 2009

No comboio descendente

No comboio descendente
Vinha tudo à gargalhada
Uns por ver rir os outros
E os outros por tudo e por nada
No comboio descendente
De Queluz à Cruz Quebrada

No comboio descendente
Vinham todos à janela
Uns calados para os outros
E os outros a dar-lhes trela
No comboio descendente
Da Cruz Quebrada a Palmela

No comboio descendente
Mas que grande reinação!
Uns dormindo, outros com sono
E outros nem sim nem não
No comboio descendente
De Palmela a Portimão.

Fernando Pessoa

Sem comentários:

Enviar um comentário

Grato pela participação