No comboio descendente
Vinha tudo à gargalhada
Uns por ver rir os outros
E os outros por tudo e por nada
No comboio descendente
De Queluz à Cruz Quebrada
No comboio descendente
Vinham todos à janela
Uns calados para os outros
E os outros a dar-lhes trela
No comboio descendente
Da Cruz Quebrada a Palmela
No comboio descendente
Mas que grande reinação!
Uns dormindo, outros com sono
E outros nem sim nem não
No comboio descendente
De Palmela a Portimão.
Fernando Pessoa
sábado, 29 de agosto de 2009
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