quinta-feira, 13 de maio de 2010

POEMA DE AMOR

Enquanto os meus passos procuram
nos teus a ressonância da alegria
e ambos reconhecemos a luz fascinada
do olhar, dá-me a tua mão.
O nosso caminho não é a tristeza,
nem a raiva, nem o medo.
O rio conhece-nos a voz
porque transportamos no coração
pássaros em chamas e vagueamos lado
a lado, sem tempo, sem idade.
Um desvio de malícia denuncia
a suspeita cumplicidade da brisa
que nos brinca no rosto.
Uma densa névoa lambe,
tumultuada, a pele da noite,
Ao amanhecer, quase inesperadamente,
far-se-à verão em nossas bocas.
O teu nome e o meu nome serão frutos
de esperma e saliva presos à língua.
Os teus olhos : inquietos,
deslumbrados, transparentes.

Graça Pires
In Conjugar afectos, 1997

1 comentário:

  1. "Um desvio de malícia denuncia
    a suspeita cumplicidade da brisa
    que nos brinca no rosto."

    Frescura,nessa brisa...
    Bonito poema.Quanta sensibilidade,neste versejar...Parabens,pela escolha.
    nina

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