terça-feira, 3 de março de 2009

VI

Não lamentes, oh Nise, o teu estado;
Puta tem sido muita gente boa;
Putissimas fidalgas tem Lisboa,
Milhões de vezes putas têm reinado;

Dido foi puta, e puta de um soldado;
Cleópatra por puta alcança a c’roa;
Tu, Lucécia com toda a tua proa,
O teu cono não passa por honrado;

Essa da Rússia imperatriz famosa,
Que inda há pouco morreu (diz a gazeta)
Entre mil porras expirou vaidosa:

Todas no mundo dão a sua greta:
Não fiques pois, oh, Nise, duvidosa
Que isso de virgo e honra é tudo peta.

Publicado em várias edições em nome de bocage
Este soneto é da autoria de João Vicente Pimentel Maldonado.

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