Coberto de folhagem, na verdura,
O teu braço ao redor do meu pescoço,
O teu fato sem ter um só destroço,
O meu braço apertando-te a cintura:
Num mimoso jardim, ó pomba mansa
Sobre um banco de mármore assentados.
Na sombra dos arbustos, que abraçados
Beijarão meigamente a tua trança.
Nós havemos de estar ambos unidos,
Sem gozos sensuais, sem más ideias,
Esquecendo para sempre as nossas ceias
E a loucura dos vinhos atrevidos.
Não teremos então sobre os joelhos
Um livro que nos diga muitas cousas
Dos mistérios que estão para além das lousas
Onde havemos de entrar antes de velhos.
Outras vezes buscando distracção
Leremos bons romances galhofeiros.
Gozaremos assim dias inteiros
Formando unicamente um coração.
Beatos ou pagãos, vida à paxá,
Nós leremos, aceita este meu voto,
O Flos-Sanctorum místico e devoto
E o laxo Cavalheiro de Faublas.
CESARIO VERDE
quinta-feira, 19 de março de 2009
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