quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Mãe Negra

Pela estrada desce a noite
Mãe-Negra, desce com ela …
Nem buganvílias vermelhas,
nem vestidinhos de folhos,
nem brincadeiras de guisos,
nas suas mãos apertadas.
Só duas lágrimas grossas,
em duas faces cansadas.
Mãe-Negra tem voz de vento,
voz de silêncio batendo
nas folhas do cajueiro …
Tem voz de noite, descendo,
de mansinho, pela estrada …
Que é feito desses meninos
que gostava de embalar? …
Que é feito desses meninos
que ela ajudou a criar? …
Quem ouve agora as histórias
que costumava contar? …
Mãe-Negra não sabe nada …
Mas ai de quem sabe tudo,
como eu sei tudo
Mãe-Negra! …
Os teus meninos cresceram,
e esqueceram as histórias
que costumavas contar …
Muitos partiram p'ra longe,
quem sabe se hão-de voltar! …
Só tu ficaste esperando,
mãos cruzadas no regaço,
bem quieta bem calada.
É a tua a voz deste vento,
desta saudade descendo,
de mansinho pela estrada.

poema de Alda Lara

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